Que início de Mundial e quantas promessas para um campeonato bem animado! A vitória de Sebastian Vettel e da Ferrari no G.P. da Austrália deixam as melhores perspectivas para o que pode ser uma época de sonho! Porque houve luta cerrada com Lewis Hamilton e a Mercedes e, se não há qualquer dúvida quanto à justiça do triunfo de hoje do alemão e da Scuderia, também não ficou claro que haja um ascendente de qualquer das equipas… "Temos uma bela luta entre mãos!", resumia Hamilton, já pouco habituado a estas coisas.
A demonstração de Vettel e da Ferrari foi convincente, parecendo ter tudo sob controlo, mesmo quando rodavam em segundo… "O que interessa é que foi um grande alívio para todos! Nestes últimos meses estivemos focados em nós próprios, em construir um bom carro que nos deu um bom ‘feeling’ desde o início. O mais importante é o que isto significa para a equipa, é crucial para o espírito de grupo que tem sido magnífico. Mas isto tem de ser apenas o princípio!".
A Mercedes fez a jogada estratégica de chamar primeiro Hamilton, à 18.ª volta, para lhe montar os pneus macios que iriam até final. E até parecia que podia funcionar, pois o britânico voltou para a pista a voar e a ganhar tempo a Vettel que teimava em continuar em pista. Teoricamente ia resultar… até Hamilton apanhar Verstappen que estava numa estratégia diferente e, mesmo com pneus já muito usados, revelou-se impossível de passar. E como estava mais lento que Vettel, o holandês acabou, indirectamente, por lhe entregar a vitória: na volta anterior à paragem do Ferrari, Hamilton perdeu 1,3 s para Vettel, preso atrás do Red Bull…
Mas Niki Lauda não concordava: "Não, não cometemos qualquer erro estratégico, apenas a Ferrari foi melhor e tinha um carro muito mais rápido em corrida que o nosso". Jock Clear, da Ferrari, via a coisa de outra forma: "Estávamos preparados para outra coisa, retardarmos a paragem do ‘Seb’ para atacarmos no final mas, quando vimos o Lewis preso atrás do Verstappen, a estratégia caiu-nos nas mãos!", referiu o engenheiro da Scuderia que, apesar da vitória, não consegue dizer qual o melhor carro: "Como é quase impossível ultrapassar, quem estava na frente limitava-se a controlar o andamento, sucedeu primeiro com o Lewis, depois com o Sebastian. Por isso ainda não consigo dizer qual o melhor carro".
"Agora estamos felicíssimos, estamos na lua! Na partida não fiquei muito contente, talvez estivesse um pouco nervoso, mas deixei as rodas patinar um pouco…", contou Vettel. "Depois tive de enviar uma mensagem a dizer que estava ali para lutar e tive a sorte do Lewis ficar preso atrás do Max". O piloto da Ferrari mostra-se encantado com os monolugares de 2017: "Com estes carros pode forçar-se muito mais, os pneus não perdem tanto, continua a forçar-se e o carro até parece pedir mais. É muito mais divertido nas curvas rápidas, acho que podia ter continuado o dia todo!".
Felipe Massa (Williams) fez uma corrida tranquila e solitária para assinar um bom 6.º lugar no regresso da… reforma-que-nunca-foi, enquanto Sergio Perez liderou um bom dia para a Force India que viu ainda Esteban Ocon marcar o primeiro ponto na sua primeira corrida com a equipa, depois de batalhar toda a prova com Fernando Alonso. O espanhol da McLaren rodou muito tempo num surpreendente 10.º lugar e estava em posição de acabar nos pontos quando teve de abandonar por uma falha da suspensão. Se não é do motor… Destaque ainda para a "performance" sólida dos Toro Rosso, ambos nos pontos! Veja classificação:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo/Dif. | Box |
---|---|---|---|---|
1 | Sebastian Vettel | Ferrari | 1.24.11,670 h | 1 |
2 | Lewis Hamilton | Mercedes | a 9,975 s | 1 |
3 | Valtteri Bottas | Mercedes | a 11,250 s | 1 |
4 | Kimi Räikkönen | Ferrari | a 33,393 s | 1 |
5 | Max Verstappen | Red Bull | a 28,827 s | 1 |
6 | Felipe Massa | Williams | a 1:23,386 m | 1 |
7 | Sergio Pérez | Force India | a 1 volta | 1 |
8 | Carlos Sainz | Toro Rosso | a 1 volta | 1 |
9 | Daniil Kvyat | Toro Rosso | a 1 volta | 2 |
10 | Esteban Ocon | Force India | a 1 volta | 1 |
11 | Nico Hülkenberg | Renault | a 1 volta | 2 |
12 | Antonio Giovinazzi | Sauber | a 2 voltas | 1 |
13 | Stoffel Vandoorne | McLaren | a 2 voltas | 1 |
— | Fernando Alonso | McLaren | Suspensão | 2 |
— | Kevin Magnussen | Haas | Prob. mecânico | 2 |
— | Lance Stroll | Williams | Travões | 3 |
— | Daniel Ricciardo | Red Bull | Pressão gasolina | 0 |
— | Marcus Ericsson | Sauber | Motor | 0 |
— | Jolyon Palmer | Renault | Travões | 1 |
— | Romain Grosjean | Haas | Motor | 1 |
Por fim, o que valeram os novos monolugares? Houve poucas ultrapassagens como se esperava. Mas não se podem tirar conclusões, na pista australiana nunca houve muitas ultrapassagens, esperemos pela corrida na China… Há, contudo, dois dados que nos mostram como estamos numa fase tão prematura de uma nova regulamentação e de como as equipas ainda têm tanto para aprender sobre estes novos carros e tanto trabalho na sua evolução: só 6 carros terminaram na mesma volta do 1.º (e Massa por pouco…), exibindo a enorme vantagem das equipas de maiores recursos no projecto de novos carros; sete abandonos é um número maior que aquilo a que estávamos habituados nas últimas épocas, mostrando que os carros estão ainda muito "verdes" e que há muito que evoluir!
O Mundial regressa dentro de duas semanas, em Xangai, para o G.P. da China. Um circuito onde será possível tirar mais conclusões, mesmo se é uma pista também com características muito próprias. Mas, pelo menos, foi a pista onde houve mais ultrapassagens em 2016, pelo que já se poderá ver até que ponto estes carros de 2017 permitem ou não ultrapassar com facilidade.